‘Nada Será Como Antes’: Cassia Kis fala sobre Odete, mãe de Bruna Marquezine na série

Cassia Kis dará vida a Odete, mãe da personagem de Bruna Marquezine em "Nada Será Como Antes"

Em “Nada Será Como Antes” Cassia Kis interpretará Odete, uma mulher humilde, mãe da dançarina Beatriz, interpretada pela atriz Bruna Marquezine. A obra assinada por Guel Arraes, Jorge Furtado e João Falcão, com direção artística de José Luiz Villamarim, se passa em 1946 e levará o público para o início da era da televisão no Brasil. A estreia está prevista para o dia 27 de setembro.

Almanaque da Cultura: Como surgiu o convite?
Cassia Kis: Olha que coisa bonita, eu fui convidada a ajudar a contar um pouco da história da televisão. Eu vi coisas tão importantes que fazem história da televisão. Eu ouvia muito rádio. A minha mãe cantava em programa de calouro de rádio. Eu tenho uma cultura lá de trás que é muito forte. Pra mim é muito emocionante fazer parte de um projeto como esse. Além de estar novamente trabalhando com o José Luiz Villamarim. Fizemos vários trabalhos juntos. É uma honra participar de um projeto dele.

Almanaque da Cultura: Pode contar um pouco da personagem?
Cassia Kis: Eu interpreto a Odete. Uma mulher bem humilde. Eu faço a mãe da Bruna Marquezine, que vai virar uma grande estrela da televisão. Isso é maravilhoso. É uma mãe com sua origem humilde. Uma personagem cheia de possibilidades. A série mostra uma época que a nossa profissão era marginalizada. Só em 1978, que a gente recebe um número para se ter um registro de carteira de trabalho. Então nós éramos marginais. Nós trabalhávamos muito. Na minha geração por exemplo, eu peguei uma época que se fazia teatro de terça a domingo. Depois você começa afazer umas pontinhas na televisão. Eu fiz uma novela chamada Cara a Cara, da TV Bandeirantes, que eu fazia uma empregada domestica da Fernanda Montenegro. Ela não devia ter uns 50 anos. Então essa trama é a história da chegada da TV.

Almanaque da Cultura: A televisão em sua carreira foi uma consequência?
Cassia Kis: Não! Eu corri atrás dela. Eu corri atrás. Um dia eu conto tudo para você. Ela faz parte da minha formação cultural. Não é atoa que eu gostando tanto de fazer novela. Eu adoro! É bonito. Uma história cumprida. Mas eu ouvi muita rádio novela. Elas eram muito longas também. Eu amava!

Cassia Kis dará vida a Odete, mãe da personagem de Bruna Marquezine em “Nada Será Como Antes” (Foto: Ellen Soares/Gshow)

Almanaque da Cultura: Qual a importância da TV ao vivo para você?
Cassia Kis: Isso é muito importante. Nós temos o teatro. Por mais que você ensaia. Cada dia é um dia. Sabe? Cada dia acontece coisas. Cada dia você tem um público. É sempre uma história diferente. Pra quem tem como mãe o teatro. Não é difícil a gente ter que improvisar. Dentro da televisão, a gente traz muito do teatro até hoje. O estar pronto é sempre muito melhor. O ator não pode depender do corte. Sabe? Na televisão você corta, você monta e tal. Mas você tem um ao vivo ali. Que é seu primeiro publico, que são os técnicos, os câmeras e tal. Você tem um compromisso com todo mundo para fechar o cronograma. É uma gravação. Mas você precisar fazer o seu melhor naquele ao vivo. Não deixa de ser um ao vivo.

Almanaque da Cultura: Você curte fazer trabalhos mais curtos?
Cassia Kis: Eu fiz “A Regra do Jogo”, que foram 44 capítulos. Somente! É interessante fazer trabalhos curtos. É interessante que o Zé (José Luiz Villamarim) gosta de me ter no trabalho dele. E isso conta muito para mim. Ele sabe disso. E vai sempre contar com o meu melhor. A única coisa que eu posso lhe dizer. Eu gosto de ler, viajar e aplicar os meus conhecimentos nas minhas composições. É sempre uma delicia. Eu adoro!

Almanaque da Cultura: Você é muito estudiosa, né?
Cassia Kis: Sempre! A vida precisa que você estude todos os dias. Estar na vida requer um aperfeiçoamento inacreditável. Se eu não levo isso para a minha profissão, ainda mais essa geração que está dando um salto inacreditável. Mas a pergunta que fica no ar é a seguinte: “pra onde?”. O cuidado é muito grande. A gente vai no fundo do poço. Mas tem uma hora que devemos quicar e subir. Você poder sair desse negocio. Você precisar estar presente. Olha como o mundo nos distrai. O mundo distrai a gente o tempo todo. Precisa ter muita vontade de estar presente para poder fazer as coisas. A minha profissão exige muito isso de mim. Eu sou absolutamente autocritica. Eu sou uma eterna insatisfeita com as minhas coisas. Eu sempre acho que eu posso fazer melhor. Não é que eu posso fazer melhor. Eu tenho que entender que não é para alimentar o meu ego. É que eu quero chegar a algum lugar. Sabe o Bolt correndo? A gente quer isso. A gente também quer isso o tempo todo. Porque infelizmente o mundo caminha assim. Só que tem coisas que são fundamentais. Eu por exemplo, eu preciso caminhar na floresta da Tijuca. Eu preciso. É um alimento para mim maravilhoso. Eu tenho muita natureza lá. É maravilhoso. Eu tento fugir desse barulho. Enfim. Aprender a ver as coisas que tem valor. Que realmente interessa.

Almanaque da Cultura: Seu início de carreira foi difícil, né?
Cassia Kis: Eu cheguei ao Rio de Janeiro, não tinha onde dormir. Dormi no banco de praça. Morei em Santa Tereza, dormia em quartinho de empregada. Eu morava em casa de músicos. Eu morei no meio do rato, barata. Enfim.