Crítica: ‘Viver é Fácil com os Olhos Fechados’

Concorrente da Espanha ao Oscar "Viver é fácil com os Olhos Fechados" tem argumento leve e descomplicado

O filme espanhol “Viver é Fácil com os Olhos Fechados” (Strawberry Fields Forever), do espanhol David Trueba pode ser considerado um Woody Allen às avessas. Na obra de Trueba, estão presentes uma fotografia bem elaborada, e um contexto cotidiano. Mas também está lá a ausência de uma genialidade.

Não é o que diz o Goya Awards, que deu ao filme seis troféus, inclusive na categoria de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original. É ainda o título para concorrer a  vaga na categoria de Melhor Filme Estrangeiro no próximo Oscar.

Javier Cámara, como Antonio em cena de “Viver é Fácil com os Olhos Fechados”, concorrente da Espanha ao Oscar 2016 (Foto: Reprodução)

A história é verídica. Se baseia na passagem do cantor John Lennon pela Espanha. No enredo um recorte da vida de Antônio (Javier Cámara), um professor de Língua Inglesa na Espanha aficionado por Beatles e inflado pelas emoções. Morando em Almeria, ele fica sabendo que John Lennon vai gravar cenas do filme “Como Eu Ganhei a Guerra” e fica animado para conhecê-lo. Em sua trajetória, Antônio encontra dois fugitivos: Belén (Natalia de Molina), uma jovem de 21 anos grávida, e Juanjo (Francesc Colome), um garoto de 16 anos que fugiu de um pai autoritário após a exigência de que ele corte o cabelo. Em comum, a vontade de buscar novos rumos na vida. O velho mestre ensina a eles sobre o amor pela música e junto a eles aprende o sentido de compartilhar momentos alegres.

Destaque para a atuação dos jovens Francesc Colomer e Natalia de Molina – atriz Revelação no prêmio Goya (Foto: Reprodução)

Tudo é muito leve e em uma atmosfera cotidiana, quase que como uma ode ao ócio. Diferentemente da grande Nova York, de Allen, onde tudo parece acontecer ao mesmo tempo e passar pela vida dos protagonistas, a Espanha de Trueba, é um mar de calmaria. O cenário desértico da plantação de morangos serve para enfatizar esta visão também dividida pelos protagonistas. São atos simples como: acordar, tomar o café da manhã, andar de carro e ouvir musica. Não há conflitos. Até mesmo o gosto musical do trio é compartilhado. Fica, afinal, a prova de que mesmo diferentes gerações podem ser atraídas por musica de qualidade e partilhar bons momentos. No caso do filme, as canções de John Lennon.

O diretor David Trueba quase passa batido pelas discussões em que se passa o período da história (1966), época em que a Espanha era alvo da Ditadura. Fato que também não os impede de ser felizes, dando continuidade assim com suas vidas mornas.