Autor de 'Eu Me Chamo Antônio' conta na Bienal como nasceu ideia de livro

Escritor Pedro Gabriel participou de um bate-papo com os fãs no Cubovoxes, dentro da programação da 17ª Bienal Internacional do Livro

Autor da página do Facebook “Eu Me Chamo Antônio” e dos dois livros homônimos, lançados pela Editora Intríseca, o escritor Pedro Gabriel participou neste sábado, 12 de setembro de um bate-papo com os fãs no Cubovoxes, dentro da programação da 17ª Bienal Internacional do Livro. O jovem de 31 anos, nascido na África, vive no Brasil há 19 anos e falou de como se tornou conhecido do público e do processo de criação de seus trabalhos.

Ele trabalhava como redator publicitário e no mês em que foi demitido, foi contratado pela editora. “É muito difícil viver só de literatura no mundo, ainda mais no Brasil. Eu, até então, era totalmente desconhecido, não tinha publicado nada. Sempre lia muito, mas não entendia o mercado editorial”, conta Pedro, que criou sua própria empresa e acha importante que os artistas se profissionalizem.

Antônio nasceu junto ao primeiro guardanapo, em uma mesa de bar. Uma espécie de alter-ego ou eu-lírico de Pedro. Ele decidiu criar mais desenhos, mais guardanapos e colocar suas ideias em uma página do Facebook (que hoje conta com mais de 926 mil fãs) e, a partir dela foram lançados dois livros, um em 2013 e outro em 2014, cujos exemplares já venderam aos milhares. “Meu nome é Pedro Antônio e Gabriel é sobrenome. Ninguém me chamava de Antônio na família, então foi uma forma de valorizar este nome que estava esquecido”, conta o autor sobre o nome de seu personagem.

“Quando eu comecei a colocar na Internet meus guardanapos, eu não tinha ideia de que uma editora poderia se interessar por isso. Depois de seis meses da páginas criada, a Intríseca me procurou. Eu não recebi nenhuma outra proposta. A editora transformou aquele universo que eu criei na Internet em dois livros físicos que traduziram o mundo do Antônio”, explica Pedro, responsável até hoje pelas publicações do Facebook e do Instagram.

Antes, os guardanapos eram guardados em uma gaveta. Hoje, os 2 mil papéis estão em álbuns de fotografia, organizados e protegidos. Pedro pensa em montar uma exposição disso tudo, porém, revela que o próximo passo é mostrar aos fãs como ele faz os desenhos. “Estou tentando fazer algumas animações de 30 segundos de cada guardanapo, mas ver se vai funcionar. Como tudo nasce de uma forma espontânea no meu processo criativo, estou tentando achar alguma forma que eu não precise depender de tanta gente para fazer”.

O escritor comenta que, independentemente da plataforma, o que importa é o conteúdo. “Para algumas pessoas, o livro não vai importar tanto, para outras, a página não vai querer dizer nada. O bacana é foi um ciclo de online/off-line. Começou no balcão do bar, depois eu levei para a internet e aí veio o livro físico, em maio de 2012”, relembra. Em seu segundo livro, Pedro resolveu colocar juntos aos desenhos poesias. A ideia deu muito certo e atraiu ainda mais fãs.

“Na hora em que escrevo, eu não penso no público que vai ler, penso em ser o mais sincero o possível com o que estou produzindo”. Pedro comenta também que o público não interfere no que é produzido, em se tratando dos guardanapos e postagens, mas que interfere no resultado, ao compartilhar, curtir e ler os livros. Ele trabalha de casa e revela que para se inspirar em suas artes ouve Cartola, Nina Simone, Pink Floyd e Beatles. “Mas às vezes aparece uma música eletrônica no MP3”.